sábado, 11 de abril de 2009

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No Tatuapé, um fragmento da memória paulistana

Escondida numa rua curta e estreita, espremida pela mancha urbana que se adensou à sua volta e praticamente esquecida até pelos moradores da vizinhança. Assim se encontra a Casa do Tatuapé, uma construção do século XVII, tombada pelo patrimônio histórico e que faz parte do conjunto arquitetônico administrado pelo Museu da Cidade.

Construída em taipa de pilão e pau a pique, a Casa tem seis cômodos, dois sótãos e a peculiaridade de apresentar um telhado de “duas águas”. O mais comum no período colonial eram os telhados de “quatro águas” ou de uma única água. No interior da Casa, uma das paredes está sem revestimento, oferecendo ao visitante uma visão clara da técnica construtiva da época dos bandeirantes. Há também uma amostra do piso original, de terra batida, e do piso de tijolos que veio depois, com a chegada dos imigrantes italianos.


Eles trouxeram ainda os usos comerciais que fizeram da Casa uma amostra da transformação econômica da metrópole: de antiga sede de chácara, na época de seu primeiro proprietário, ela passou a funcionar como olaria (aproveitando a proximidade do rio Tietê), estamparia, tecelagem e até salão de cabeleireiros.




Em 1945, após a morte do último proprietário residente, Elias Quartim de Albuquerque, sua família vendeu o imóvel para uma tecelagem. A empresa loteou todo o entorno e decidiu doar a Casa para a prefeitura, mas o processo se arrastou por trinta anos.

Quando a transferência finalmente foi concluída, em 1975, a paisagem estava bem diferente. O rio Tietê, cuja sinuosidade o deixava tão próximo da construção, e o Ribeirão Tatuapé, que também corria ali perto, tornaram-se canais de esgotos retificados, canalizados e afastados. Enquanto isso, a Casa foi ficando cercada pelas construções que se erguiam nos terrenos vizinhos, como mostra uma foto aérea feita nessa época, uma das que hoje estão expostas no local. Na imagem, a Casa do Tatuapé forma um contraste com as residências do quarteirão, pois aparece numa posição diagonal em relação às demais.

Se antes a Casa estava de frente para o Tietê e seu afluente, agora se achava de costas para a rua, longe do rio e espremida por outras edificações. “Sua atual situação urbana impede a compreensão das relações que a Casa do Tatuapé mantinha originalmente com a paisagem”, diz o texto redigido pelo Departamento do Patrimônio Histórico municipal.

A Casa do Tatuapé passou para a prefeitura no mesmo ano em que o Departamento foi criado. O primeiro diretor do órgão sugeriu a desapropriação dos oito lotes vizinhos, a fim de se criar uma “área de respiro” ao redor da construção. Mas isso acabou não acontecendo e em 1978 a Casa desabou parcialmente.

A saga terminou em 1981, quando ela foi aberta ao público, depois de uma restauraçào. Dez anos depois, uma nova reforma, e a Casa passou a abrigar exposições periódicas, como a que está aberta atualmente – “Fazeres e Sabores da Cozinha Paulista”, sobre os hábitos alimentares dos bandeirantes e tropeiros.




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Onde fica:

Rua Guabiju, 49 - Tatuapé - S. Paulo, SP
Tel.: (11) 2296-4530

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